Uma “carta” para um antigo amor
Remexendo na bagunça da minha vida, me deparei com esse texto. Poderia dizer que estava revirando “gavetas antigas”, mas – nesse mundo tecnológico – encontrei essa “carta de amor” no bloco de notas mesmo. Escrevi na época para um antigo amor e me emocionei ao ler novamente. Relembrei o quanto chorei enquanto o escrevia e lembro também o quanto reeditei para que não faltasse uma vírgula se quer do que eu queria dizer. Li e re-li milhões de vezes. E um dia, o enviei. Nunca fui respondida. Mesmo assim, quis compartilhar com vocês… Sentimentos sinceros/genuínos devem ser compartilhados… espero que de alguma maneira ele atinja positivamente alguém. Espero que gostem…
“Perdi as contas da quantidade de vezes me peguei aqui, escrevendo pra você, tentando esclarecer algo que sentia, tentando organizar as ideias, me explicar ou expor alguns pontos de vista. Dessa vez ao invés de escrever pra você, escrevo pra mim. Talvez te mande esse texto, talvez termine de redigi-lo e simplesmente o apague, ou guarde em algum bloco de notas ou em uma lista cheia de outros rascunhos não enviados. Talvez no final de tudo, apenas o queime e peça para o universo iluminar a gente, deixando ele ser o responsável – como sempre foi – pelos nossos destinos.
Olha, quero dizer que demorei muito tempo para perceber o quanto EU sou a culpada por tudo isso. Sim, eu admito, SOU EU. Por muito tempo te culpei e passei essa responsabilidade para você. Hoje eu entendo que só eu, apenas eu, sou culpada por aquilo que permito continuar acontecendo em minha vida. Se eu achava que você me decepcionava, eu era a culpada por criar tais expectativas e então de me decepcionar por elas nunca corresponderem com a maneira que eu havia fantasiado. Ao mesmo tempo é engraçado, porque mesmo com tantas expectativas seguidas de decepções eu continuava ali. Sempre ali, achando que “dessa vez ia ser diferente”. Sem conseguir guardar absolutamente nenhum sentimento ruim e de raiva por você. E mais uma vez, era eu a responsável por alimentar a minha própria decepção.
Nossa, mas quanto sadomasoquismo. Porque tanto prazer em continuar insistindo em algo que só me fazia sofrer? Eu acreditava que poderia reverter aquela situação e que poderia mudar tudo. Quanta tolice. Quanta imaturidade. Quanta pressa. Que egoísmo da minha parte achar que algo tão composto de dois indivíduos ou até mais pessoas (ou seres), poderia ser decidido apenas por mim. Afinal, as conexões que podem existir entre duas pessoas, ninguém nunca poderá entender. Apegada a lembranças de momentos que passaram. Apegada a uma pessoa que nem existia mais. Se nem eu era a mesma pessoa de antes, porque acreditar você seria? Puro ego. Pura teimosia. Não digo que meus sentimentos eram irreais, até porque; confesso, que até hoje ainda existe algum sentimento indefinido. Uma vontade de te ver, de conversar, não sei exatamente o que. Talvez seja apenas apegada a uma ideia construída, da pessoa que idealizei ser o “homem da minha vida”. Talvez o problema se encontre no amor que tenho pelas lembranças simples que criamos juntos. Aquelas lembranças que parecem ser cada dia mais difíceis de serem recriadas com outras pessoas. Lembranças que tenho e que pouco vejo nos relacionamentos atuais. Quantos valores destorcidos. O “simples” sempre me fez acreditar ser a pessoa mais feliz desse mundo.
Nossa, que felicidade plena, verdadeira e intensa que me traziam aqueles 2 minutinhos te encarando, olho no olho antes de dormir. Ou aquele colinho, deitada sob o seu peito onde acompanhava a sua respiração, sentia o seu cheiro de perto e ouvia os seus batimentos cardíacos. Aquele simples beijinho na pontinha do nariz e o te amo, seguido de um abraço forte depois do nosso sexo (que sempre foi tão maravilhoso).
Não que eu não acredite mais no amor e nos relacionamentos. Até porque, até então, acho que nunca quis de verdade virar essa página ou tentar dar alguma chance para outro alguém. A responsável fui eu; sou eu. Talvez apenas tenha apanhado, crescido e evoluído um pouco, a ponto de perceber que nem tudo é aquele “filme de romance” que eu acreditava ser. E o nosso filme é daqueles que não tem final feliz.
Sim, ainda acredito que o amor é a coisa mais importante do mundo, isso não mudou. Aliás, cada vez mais tenho certeza que é ele, o principal ingrediente que tem faltado nos relacionamentos atuais e no mundo. Óbvio que nenhum relacionamento se constrói ou se mantém apenas de amor, mas ainda acredito sim, que ele seja a base de tudo.
Venho buscado ser alguém melhor, aprendi muitas coisas ao longo desses últimos anos e talvez esse meu “novo eu” nem seja a pessoa que você procura… mas essa minha nova versão me faz muito mais feliz!!! Longe de ser uma pessoa perfeita. Ih, muito longe disso… mas evoluindo, crescendo com a vida, com os erros e por aí vai… Ah, e mantendo características minhas, que levei muito tempo para aceitar a admirar em mim mesma. Tenho muito orgulho de ser uma pessoa sensível – descobri que as pessoas mais fortes e que mais admiro também são assim. Continuo sem ter medo/vergonha de falar e expor o que penso/sinto e isso me faz ser uma pessoa muito mais leve e aliviada. E me orgulho sim de ser uma pessoa que vive para o amor. Se bem que hoje, o meu maior amor se chama: AMOR PRÓPRIO. E talvez esse eu tenha aprendido com você e te agradeço do fundo do coração por isso. Hoje, mais do que nunca, enxergo a pessoa que sou, todo o meu valor, o quanto sou incrível e o quanto me amo. Não só por tudo que conquistei ao longo da minha vida, pelas minhas morais, minha educação, meus costumes ou experiências. Me amo por ser eu mesma, por não existir ningúem igual a mim neste mundo. Me amo por simplesmente ter uma vida maravilhosa, onde acordo todos os dias e consigo abrir os olhos, por ter braços e pernas, uma família maravilhosa, saúde e por todos os outros milhões de motivos que poderia passar horas aqui escrevendo… Me amo até mesmo por todos os inúmeros defeitos que tenho. Por perceber que os tenho e a partir disso querer evoluir para me tornar alguém ainda melhor.
Enfim, tenho aprendido muita coisa boa e uma dessas coisas incríveis que adicionei ao meu repertório de vida chama-se Ho’oponopono – que é uma espécie de oração, onde pedimos perdão ao universo, fazendo com que nos libertemos de um problema; libertando a nós e ao próximo. Eu me liberto e te liberto; desejo a mim e a você muita luz e felicidade. SINTO MUITO por tudo que causei. ME PERDOE por todos os xingamentos e coisas horríveis que já falei para você da boca para fora; pelas atitudes erradas e por não ter respeitado suas decisões.TE AMO pela pessoa maravilhosa que és e por ter sido tão feliz um dia com você. SOU GRATA por ter aprendido tantas coisas boas do seu lado e ter evoluído com você tanto nos momentos bons como nos ruins. Que assim seja!! Graças a Deus.”
Escrito por Luísa Soares
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